não há maestro
na vida
sem perfumes
a luz da euforia
é tida
como estrume
a voz rítmica
do canto
erigida
em azedumes
o lume da palavra
condensa-se
em espada
sem gume
ergamos o rosto
e abracemos a madrugada
com suor da lavra
sem ciúmes
da magia do sol
renascente
a.quadé
07.09.07
segunda-feira, dezembro 10, 2007
cântico magistral
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Mbelembeletcho
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Rabata-rabata asumulele
rabata rabata silens
garan di suris
saran porta
gota di larma
pinga-pinga
mela-meladu
parmanhasedu
urbadju pegan kamaradia
korson mara lens
sintidu bai lumu
kudadi marka-makadu
muntu muntu
baratu-baratu
rabata-rabata
asumulele
Ndongle Akudeta
o2.12.o7
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segunda-feira, novembro 12, 2007
Advento
finalmente
chegou o advento
predito
nas folha mortas
pisadas
pelos calcanhares cavalgantes
do tempo
adormecido
o tempo submeteu
à ordem
do verbo
caminharei sim
hirto e de cabeça bem erguida
rumo ao horizonte
não abdicarei nunca
da dávida
ancestral
a tocha mágica resplandeceu
no firmamento
do meu pensamento
chegou a hora guiné mater mea
aceita no teu colo
as lamentações
do teu filho pródigo
um dia
desterrado
num choro abafado
pelo rufar do tambor
da iniciação
na alameda das iluminações
na madrugada de nevoeiros
serenando em rosas
lambi a nata da anunciação
(embreaguei-me
com cálice das premunições)
24.09.07
Adão Quadé
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terça-feira, julho 31, 2007
Kariem sila
Silêncio! Quero aqui chamar a atenção de todos, para a fruição conjunta do sabor poético engenhada na forja visceral do jovem guineense de 22 anos cujos versos as musas prometeram vigiar com doses de palavras encantatórias recheadas de sentimento sincero e da pátria desfraldade no distanciar e na força pujante da nostalgia.
Justificar a tua ausência
Sinday a única coisa que preciso
é do teu carinho
mas embora longe
não consigo deixar de te amar
Cada noite é um sonho
e cada dia é o começo
de um novo amor
só sei que um dia chamar-te-ei
e tu serás eternamente minha
Eternamente tu meu amor
o tempo somos nós,
tu acabas dentro de mim
e és tu o meu tesouro
a minha linda jóia africana
Não há passos divergentes
para quem quer encontrar
um verdadeiro amor
com o sabor de saber amar
O impossível seduz o meu coração
e a sedução só o tempo a definirá
e deixarei que ele também o devida.
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quinta-feira, julho 19, 2007
Interregno
Tenho estado (do lado de) fora, longe de todas as manifestações qure têm marcado o panorama socio-cultural ou intelectual referente a temática do guiineense no que diz respeito ao ser e o seu pensamento como membro da comunidade existencial do universo em que fomos agraciado. Isso justifica-se por razões de ordem técnico-material. O que não quer dizer que não tenha meditado sobre a atmosfera sob o qual eu respiro. Pelo contrário, estou-me intensivamente implicado na arte de "agradar os irans",como diz o Félix Sigá...
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A POESIA
A poesia
É como uma fantasia
A verdade de cada linha
Parece só minha,
A expressão é como uma ditadura
Cada um por si
Por mais que dura.
Chama-me Guineense,
Dá-me a liberdade,
Canta-me o gumbé,
E fala-me a verdade
A poesia é uma arma
Que sem temer mata a calma
E sem hesitar tira a alma
Como o relâmpago na árvore
A poesia é a expressão
Da força da emoção
Da liberdade de uma voz na solidão
E faz de mim um cidadão
A liberdade é a realidade,
A consciência é a pura verdade,
A pátria é uma mãe,
A poesia é a arma da injustiça
Aonde cada verso é uma esperança.
Kariem sila
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quinta-feira, março 15, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Djiu sin nomi / ilhas sem nome
Djiu sin nomi
Nha udjus
Djiu sin nomi
Makare ku na ronka si forsa na mar
Maré salgadu
Sin bida
Nha udjus
Udjus sin nomi
Ku kapli pa bai punta
Kilis ku na findji ka sibi
Nha udjus – no udjus
Djiu sin nomi
Na kalabus di mons di dedus
E na sindi
E odja utru udjus
E ka fia osis semprenti
Ku karni larga
Ku na djimpini
Nha udjus
No udjus – udjus di tudu djinti
Djius sin nomi
Ku bida
Udjus ku na purfia
Ilhas sem nome
Meus olhos
Ilhas sem nome
Maré-alta a transbordar no oceano
Ondas salgadas que insuportam o acordar
Vazias de vida
Meus olhos
Olhos sem nome
Precipitam e atentam
Contra o impávido
Meus olhos – nossos olhos
Ilhas sem nome
Aprisionado pelas mãos pelos dedos
Soltam raios
Reconhecem outros olhos
E inacreditam esqueletos ousados
Abandonados pela carne
Espreitando
Meus olhos
Nossos olhos – todos os olhos
Ilhas sem nome
Ganharam um nome
Passaram a ser
Olhos-que-já-não-acreditam
Odete Costa Semedo, Ente o Ser e o Amar
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sexta-feira, janeiro 05, 2007
E não te chamas Cristo
Tens o crucifixo de muitas chuvas
cravado na palma da mão
com que matizas a terra
em tempo de kebur
Tempo finado
tempo fincado no peito da dor
disputando a sobra do cuntango
Tempo enlutado
tempo anoitecido
no entardecer da esperança
Na curvatura
do tambor
onde expias o desespero
fizeram do teu corpo sepultura do medo
Negam-te o pedaço da tua tabanca
dão-te uma vida assalariada
taxam-te uns tantos por cento
para a sobrevivência autorizada
e não te chamas Cristo
e só pregas com o arado
Cantchungo, 1995
Tony Tcheka, Noite da Insónia na Terra Adormecida
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