segunda-feira, março 28, 2011

djitu ka ten



djitu ka ten


sodadi
di benten

metadi
di nha vida
na kriason

te gosi
n ka paga
dasa

ninguin tan
ka dan
tasa

n mpinha
nha kabesa
na sivilizason

sin djubi
pa rasa

n disdangu
nha korson

pa ben
di djorson


29.05.08

04:30

Adão Quade

Mentu


mentu


sol
na badju
di tina

kerensa

di lunghada
tras di tapada

na diskubridu

wan

kurpu

di kabas

korson molsidu


na tanki

di iagu
malgosadu

ku limbida
ritmadu

poesia

na tchebeta pa bin

Adão Quadé

25.05.08


tchon

ku seu


strela

ku

lua


na no metadi


no findi

kola

podri


pa mandji

no

kerensa


deus i garandi


polon

i tustumunhu


urdumunhu

ruba

di si kabesa


Ndongle akudeta

22.02.2008


fumu ku bin

di seu

intchi

nha pitu


nha korson

tindji

turbada


sunhu

na ieri eri


obulum di sentimenti


Adão Quadé

20.05.08

segunda-feira, março 21, 2011

um ramu di flor na primavera

kal dia 

ku n na para
sunha ku bo 
an' kontan 
kal noti
ki susegu pa mi - 
falan

mandurgada
bin tisin 
konsolason 
n kudji
un ramu di poesia
na batenti di nha porta 
 
n pista 
flauta di lungha
n kanta amor bedju
ku mandjidu 
na fundu mar 

musika 
di bu alma
nkanta seu
sintinela
di nha kudadi 

bu suris bafa 
urbadju
kontentamenti 
badja
dentru di mi

un gota di primavera
ieri-eri tchopot... 
totch 
dentru di nha korson 

kerensa
na bo arnoba 
n toka poesia 
n kanta poesia
n badja poesia 

n djamu poesia 
tok lungha kamba

(ma n ka diskisi 
tambi bu tadju) 

 21.03.2011 04.25 
Adão Quade

para uma leitura de No Compasso do Primeiro Passo de André Mendes*



"na eminência

da minha ausência

uns traços no tempo

a minha sombra deixou


para os leigos do meu convento

um canto do meu pranto

neste manto

que não dura tanto"





Anjo nosso de guarda velai por nós!

génio nosso da arte dai-nos a inspiração

e a divindade que seja poesia, fazei de nós o vosso servo. Ámen!


Quando a poesia nos bate a porta, quando o anjo que guarda a nossa voz nos visita em plena solidão da noite nas horas mortas em pleno sonho para nos avisar da nossa missão apoliana, não há tempo a perder, não há alternativa senão levantar-se e erguer essa arma pronta para mais uma luta. E, com apenas um bloco de notas, o poeta percorre as artérias interiores da vida questionando sobre condição existencial do homem, as suas imperfeições, os vícios, o conforto do egoísmo, e caminha de mãos enlaçadas com o destino na esperança de uma madrugada de prosperidade de progresso para o povo. Em No Compasso Do Primeiro Passo há emaranhados de labirintos que dificultam a trajectória do poeta, soldado caminhante sem noção do espaço onde vai-se defrontando com bartabas e malilas/generais e estrelas. o poeta trespassa-se mansamente a cada passo, temendo a falsidade dos homens numa esquina e noutro beco canta a poesia enquanto labuta ao lado das crianças lamentando arroz ou forel/inhame ou manfafa para mitigar a fome.

Nasce-se poeta e cabe ao tempo engrenar o mecanismo da criação artística, afinando as vocações, educando a sensibilidade na conciliação da arte e do engenho. A auto-descoberta e tomada de consciência, o reconhecimento da missão do poeta, sobretudo de quem nasceu poeta neste recanto do mundo, neste continente berço, neste pequeno e emaranhado país - do ponto de vista étnico-linguístico e sociocultural - da costa ocidental da africana, Guiné.

E, vai-se resgatando a consciência identitária da nação guineense, um país onde tudo se adia e ninguém quer assumir a responsabilidade, ninguém quer ser o timoneiro da nau naufragada dos valores culturais neste oceano de "décadence" em que o país está submergindo lentamente e, subitamente, alguém messiânico levanta a voz, grita no lusco-fusco da sua juventa idade, no fundo do abismo e clama: “sou um poeta”, com amargura e inocência de uma infância privada do pão e... do ser, numa lagoa de incessantes revoltas sociais.

Custa tempo fazer poesia, custa suor escrever em versos. A poesia requer disciplina e dedicação, exercício intenso de percepção, de audição, de retenção e atenção a movimentações interiores e exteriores ao estímulo que nos rodeia. É preciso silêncio absoluto para a consagração, para a libertação do grito interior sufocante e a decoração do ambiente artístico captado pela nossa visão. E o poeta como observador do real objectivo remete a sua experiência do quotidiano para o laboratório a fim da sua purificação com retoques de tons e ritmos, musicalidades, condimentos que refinam o verbo, tornando-o mais líquido, saboreável, degustável antes de transformar-se em pó dissolúvel prestes para as núpcias do vento.


Eis a poesia que No Compasso Do Primeiro Passo nos apresenta, testemunhando a experiência do poeta, o legado que herdou da sua cultura literária que abrange temas inspirados no inconsciente colectivo guineense, as desilusões, os sonhos falhados, a esperança traída, a ambição e ganância dos fazedores da política, a pátria traída e aqueles que frustraram as promessas do combatente que sacrificou a vida, a juventude em prol da dignidade humana, sonhando com uma Guiné melhor onde houvesse pão para todos neste universo cheio de trigo.

O poeta vê um horizonte sem esperança no olhar das crianças cuja única certeza é o sofrimento das mães que se aguçam em pranto dos pássaros pressagiando rios de mágoas em que os débeis transatlantam sem canoas.

Os juramentos de Guiledje, Komo, Kassaka e Boé esfumaram-se e o poeta presenciou o grito dos pais lamuriando "trinta i sinku anus di duensa, matansa, ukesa, koitadesa/ladrondadi, muntrundadi/ranhaduras, murdiduras ku rikitiduras". E de novo escapa-lhe da garganta um grito de indignação: Onde estão a liberdade, a justiça e a democracia? E lamenta em tom de desespero: kasabi tindjidu/mufunesa sindjidu.

Passeando pelo No compasso Do Primeiro Passo, os números falam por si, são entidades autónomas e independentes nas delimitações dos territórios das palavras marcadas no interior dos versos. Cada data, cada dia, cada mês, cada ano, inscritos nos poemas que se lê no Compasso testemunha o papel do poeta como personagem não fictício mas real, participante na construção da identidade nacional guineense através da interiorização ou criação de uma memória historiográfica comum que nortearam o processo da emancipação e a afirmação da consciência político-cultural guineense que vai-se diluindo, absorvendo na livre interpretação da actualidade a partir da celebração, homenagem ou desapontamento, dependendo do ponto de vista dos opinadores, mas que de molde geral, a apartir leitura popular, são monumentos históricos que se tornaram mito e que, indissoluvelmente, vão-se propagando, solidificando, transformando-se em pedra basilar para a perpetuação dos signos definicionais.


Para além do simbolismo dos números (24, 14, 07…) edificados na construção do monumento da epopeia nacionalista guineense, os mitos dos heróis desconhecidos (BARTABAS) são evocados no poema bem como as figuras do universo sacro inscritos na crença tradicional; a sentimentalidade e a individualidade do sujeito são alguns dos lugares comuns convocados nesta obra, o que nos remete a catalogação dos traços românticos ou pós-românticos na medida em que os valores da nação são ressalvados e postos em relevo sem medida nem contenção das emoções e do sentimento de pertença a um espaço geográfico determinado:


"eu e a cantiga

o hino e a bandeira

minha fala e a liberdade

minha pátria e o carnaval"


O autor mostra-nos uma poética de indecisão, de incertezas, de revolta, do inconformismo, de auto-descoberta, de auto-consciência, de revelação e de denúncia da condição desumana do ser social a procura de melhor condição de vida.


No Compasso Do Primeiro Passo é uma obra recheada com doses de sentimento amoroso declaradas num lirismo transcendental na ligação vertical do homem, ser sensível, ao espírito inteligível, numa tentativa de idealização do amor-perfeito onde a figura do objecto amoroso é a mãe (quando sofre), é a mulher (quando nos aconchega), é a filha como poesia (quando floresce na aurora).
Pois, a arte é imitação no sentido lato do termo. Estar em harmonia com a natureza, obedecendo-lhe cegamente. A única via para a liberdade é a imitação dos modelos antigos e a sua reformulação, apropriando dos temas e estilos para a sua posterior exposição como forma de reivindicar a herança do legado de posturas estéticas dos precursores para depois, em sintonia com o processo de transformação, a voz surda, o eco revolucionário que representa o dealbar da vanguarda, afinar as ferramentas da construção para a engrenagem do sucesso.

Poetas! Ou continuamos a tradição ou rompemos. Ou continuamos meninos do mestre ou desafiamos o mestre e construímos a nossa própria escola, reformando os tradicionais ensinamentos, modernizando a instituição, proporcionando assim horizontes novos, sadios e naturais para novos discípulos que continuarão a escola até ao dia da sua inadiável ruptura. Não podemos adiar a palavra (Hélder Proença) e quem calará o poeta? É preciso o silêncio, silêncio total para o mundo escutar a voz que canta: "por isso quando o poeta fala o mundo ouve e a humanidade cala" - o silêncio universal! Pois não podemos alterar o percurso do mar... E nem se quer venhamos com interrogações retóricas! É imperativa a unidade. Pois, o tempo, como as ondas do mar, é fugaz, volátil e inconstante. Temos é que movimentá-lo, deixando traços para a posteridade!

Obrigado camarada Vasco Cabral e, a mãe do poeta também chorou no parto e a poesia nasceu!


Adão Quadé

Sacavém, 12/05/2010


*Prefácio do livro de André Mendes, No Compasso do Primeiro Passo, editado pela Euedito,2010, Lisboa

declarava-te



declarava-te
o amor

no mesmo sítio
no lugar de sempre

o nosso ponto
de encontro
onde trocámos
o primeiro beijo
e do mesmo jeito
com carinho
carícia
e ternura

neste monumental
circo de paixão
mesclado

com o aroma

do teu encanto fatal


Adão Quade
tertúlia
12.02.11
02:15

quinta-feira, março 17, 2011

Encontro de Poetas Guineenses - Odivelas


Desde o dia 25 de Janeiro que o Município de Odivelas está a dedicar uma atenção especial aos mais talentosos e conceituados autores de países de língua portuguesa. Quinzenalmente, a Biblioteca Municipal D. Dinis abre as suas portas a feiras do livro, focadas em 8 nacionalidades (angolana, brasileira, cabo-verdiana, guineense, moçambicana, são-tomense, timorense e portuguesa).
Depois de Angola, Brasil e Cabo-Verde eis que chega a vez de recebermos a Guiné-Bissau. Foi no passado dia 9 de Março, às 19h30, que decorreu a inauguração desta Feira, a qual foi subordinada ao tema: “Letras e Artes, hoje, na Guiné-Bissau”, havendo pequenas intervenções de:
- André Mendes, Adão Quadé e Emílio Lima (poetas), Francisco Regala (poeta e músico), Flaviano Mindela (escritor, artista plástico), Sydney Cerqueira (artista plástico), Tony Tcheka (escritor e jornalista) e Waldir Araújo (escritor e jornalista na RDP ÁFRICA/RTP).
Recorde-se que, na Biblioteca Municipal D. Dinis, até ao mês de Maio, serão ainda promovidas as seguintes feiras do livro:

Moçambique – 22 Março a 2 Abril
São Tomé e Príncipe – 5 a 16 Abril
Timor-Leste – 19 a 30 Abril

A iniciativa que realça a produção literária, destaca os autores lusófonos e promove o livro e a leitura no seio das comunidades, culminará com a Grande Feira do Livro de Autores Lusófonos que decorre, de 3 a 21 Maio, na Biblioteca Municipal D. Dinis.
De salientar que o Município de Odivelas promove, no mês de Maio, a III Bienal de Culturas Lusófonas, evento de relevo que enaltece e dissemina a produção artística dos 8 países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, nos domínios da dança, cinema, teatro e música.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Burbuleta bua lundju


(à Sanu kodê
sem essa ira)



burbuleta

bua lundju

na seu di nha sunhu



pa ronka saia

na dispidida

di lua



di paramaha sedu

na kintal

di urbadju

n kudji

flur

di no kerensa



n rasa poesia

n gardisi poesia

na lingu di poesia



korson

tisi noba

di un amor

sintidu stranhu

na bantaba

di un kurpu -

pitu krintchadu



puema arnoba

kamaradia

di flema

n karga mblema

di dur

pa fadja

kontentementi



kudadi

di fidju matchu

na bentu



distinu

rabata-rabata



alma mandjidu

na bu udju



si nha sol

ka bin mansi mas

ampus! no labra lua

ku aza di burbuleta



disidju i na bo

poesia ta soronda

di mandurgada


Ndongle akudeta
17.05.10