sábado, novembro 19, 2005

ANSIEDADES


debruçado no ombro
de um verso amigo
a depositar o peso rotineiro
do existencial castigo

embriaguei-me
ao calor da áfrica
perfume cinza-rubro da guiné
contemplei o penteado do geba
beijando pindjiguiti deleitável

ondas batendo asas
no batente
do meu coração

vi brotar a paz nas alturas
andorinhas construindo
ninhos - com carinho
nas profundezas pacíficas do oceano

moldura musical de pombas
trombeteando
sinfonia de estrelas
no jazz pulaar
de kaabu que harmoniza

o balafong
do meu coração

melodia das cigarras –korá
no paraíso idílico da ostentação

divórcio
no canal de suez
bomba
anti-panafricanista

abominação
negro-genética
celeuma
do destino ocidental -

áfrica rainha
virgem desonrada!

ansiei a azeitona
preta do meu pomar
chabéu que me levava à cachéu

deixo flutuar no ar o chapéu
para testemunhar
às ondas do mar

à sombra do céu sem véu
o divórcio intestinal do poeta

que o tempo
fez réu

(Adão Quadé)

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