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Nasce a bruma da manhã
ainda estou a desdenhar
o mundo pedalando
num sonho embrenhado
nessas profundezas vãs
esfregando as folhas verdes
na busca das velhas cores
A luz do sol arranhando
no outro lado da janela
a escuridão lenta é mais viva
no desvanecido sonho ornado
de papoilas vermelhas
Sinto um arrepio tremendo
rebolando em queda estática
lá bem longe do começo
vindo do terminal do sufoco
E o grito do atrito não poupa
a claustral vaidade dos ouvidos
dobram os sinos da capela
apelando ao chilrear das aves
levanta o fogo ao pé de mim
enquanto gozava a lua de mel
num convento velado pelas chamas
Carregando a cruz da pura inocência
prostrei-me envolto na maca do hospital
soros e oxigénio desvirtuam a impaciência
curiosamente gemi: onde estarás
ó loucura da noite fatal ?!
Adão Quadé
Agosto.03
04:30
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