quarta-feira, agosto 01, 2018

Poetare (Manifesto I)



Municiar o alto da alma
Com bombas crepitantes de ar
Gritar na surdez com tanta calma
Na tentativa de um homérico assalto
A muralha das palavras

Camuflar no fio de cabelo

O contingente do verbo
(Léguas ainda há de lavrar !)
Com engenhos luminosos do acervo
Tonificado com sons do silêncio

Pois a frente do combate

É um emaranhando de escuridão
Bolsas de rimas a desmantelar
E transportar às costas
Os versos com pernas feridas

Marcha triunfal com polegar

Bailamos enquanto dissolve a chama
Comprimida em luar efervescente
Chove canção alada estilhaçada
Desabrocha a flor no peito

Untamos com o pó das sílabas

Do vento a assobiar de lente
E aquecemos o sangue exangue
Com o néctar da madrugada em lavas

Embriagada com suor vacilante

da noite desnorteada vigilante
Em honra das vozes suicidas

18-03-2003 2:17:15
Adão Quadé

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