segunda-feira, novembro 12, 2007

Advento

finalmente
chegou o advento

predito

nas folha mortas
pisadas

pelos calcanhares cavalgantes
do tempo

adormecido

o tempo submeteu
à ordem
do verbo

caminharei sim
hirto e de cabeça bem erguida
rumo ao horizonte

não abdicarei nunca
da dávida
ancestral

a tocha mágica resplandeceu
no firmamento
do meu pensamento

chegou a hora guiné mater mea
aceita no teu colo
as lamentações

do teu filho pródigo

um dia
desterrado
num choro abafado

pelo rufar do tambor
da iniciação

na alameda das iluminações
na madrugada de nevoeiros
serenando em rosas
lambi a nata da anunciação

(embreaguei-me
com cálice das premunições)

24.09.07
Adão Quadé

1 comentário:

Anónimo disse...

Algo de profético habitou a pausada do tempo. Houve visões,chamamentos, vozes clamando nas florestas sagradas.O Poeta viu e ouviu. Acordou do sonho e pegou no carvão.Começou a traçar os riscos na parede do quarto. Passando uma década - é evidente que houve obras em casa e que a marca apagou-se engolida pelo cal e tinta de óleo - após um pesadelo terrível acorda levanta o rosto na escuridão do quarto, encontra as mesmas marcas, a mesma mensagem, os mesmos traços conspirados pelo tempo. E pegou numa caneta e escreveu em voz alta:

"Finalmente chegou o tempo predito...
chegou a hora mãe Guiné de acolher os teus filhos... iniciados",

já lambés em decifrações de códigos ocultos da Natureza sacra. e a poesia transmitiu todas as preces ao vento da mudança. Esta deveras na Hora Guiné. Avante Djorson Nobu!

Homem de Oliveira Carvalho
30.01.08