a brisa pindjiguitiana
bate suavemente no meu busto
sem corpo para mais sofrer
atrás dos meus óculos - um sonhador
debaixo da minha sumbia - um pensador[1]
dizia eu:
«sou um simples africano a cumprir o seu papel na sua própria terra»
«os que sabem devem ensinar aos que não sabem»
«as crianças são as flores da nossa luta a razão principal do nosso combate»
afinal ninguém se sente guineense
não há quem ensinar aos outros
e que as crianças «kolontchidus»[2]
são as flores murchas de sede
e, que combatia não porque tinha razão
passados já quase trinta anos
e ainda os olhos do meu retrato
espia o prato do povo
feito de dores e dissabores
que p’ra meus continuadores
e uma legítima lógica
discriminada da minha linha ideológica
o meu olhar é triste
o meu olhar as «bideras» do cais[3]
que «kutikuti» com as barrigas das crianças[4]
por causa do pão nosso que não chega a todos
«afadi tchabi» que não abre a toda as portas[5]
Manuel Pedro pereira, Jr.
(DJOMBODIKILIN)
Moscovo, 30/08/2003
#
[1] sumbia - espécie de barrete
[2] kolontchidus - palavra crioula que significa famintos
[3] bideras- vendedoras
[4] kutikuti- palavra crioula para “engenhar”,desenrascar-se
[5] afadi tchabi-como se fôsse a chave
sexta-feira, janeiro 13, 2006
O olhar triste de um líder
Publicada por Ndongle Akudeta à(s) sexta-feira, janeiro 13, 2006
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