Na batente da sua porta
espreito uma mãe que já não importa
que significado tem a vida
pela inconstância vivida
esta chama-se África
e é uma situação esquizofrénica
que a incita a esquecer-se dela
quando todos os olhos voltam para ela
na aurora, juntamente com os raios solares
penetro no seu «konko»[1]
todo o sofrimento traduzido em lágrimas é pouco
só nota-se desespero nos olhares
é ali dentro que tudo vejo mas não refilo
vejo ali criança que já não é filho
acredito que enquanto vivemos tudo podemos ver
vejo ali morto que não é cadáver
pode parecer mistério
mas sem túmulos é ali o cemitério
e, até voz já não há p’ra gritos
no fundo vive-se de palpites
Manuel Pedro pereira, Jr.
(DJOMBODIKILIN)
Moscovo, 30/08/2003
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[1] «Konko» anêxo a uma casa, uma especie de niquel
terça-feira, janeiro 24, 2006
África esquizofrénica
Publicada por Ndongle Akudeta à(s) terça-feira, janeiro 24, 2006
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