Intimas o espaço
frondosa palmeira verde
desafias o arco-íris
nas tuas cores
de mulher
caminhas suave
navegando
em estradas
de nenufares
Mulher da guiné
amendoinha, fole, manga da terra
cabaceira, abacate, goiaba, veludo
- os sabores dos teus lábios
Mulher da guiné
mimoseas o andar
como o canto de uma voz eunucua
coqueiro balouçando ao vento
perfume de terra molhada
beijando a esplanada de areia branca de varela
sorriso brando
corpo ébano
suando a maresia
és tu Mulher da Guiné
marcam-te o espaço na órbita
das três pedras do fogão
nos circuitos da lenha
no vai-vem da fonte
de-balde-em-balde
nos labirintos esquecidos da cozinha
querem-te domesticamente adormecida
mas
segue os acordes
das melodias do teu chão
dos korás, e bombolons
dos djembés e dos nhanheros
- os teus caminhos
Mulher da Guiné
corpo veludo sossego
musicado em sons de flauta
duas pequenas luas
explodindo na cara canseira
asseda os tormentos
caminha fêmea como a tua Guiné
a novos partos de sabura.
tony tcheka
praia de Varela
publicada por Obulum às 10:00 a 15/Mar/2006
Comentário
Um retrato característico da mulher guineense, numa mística de enumerações em que a natureza-mãe oferece todos os seus sabores para esboçar a escultura feminina da bela palmeira que no seu caminhar deixa aromas de nenúfares entre os caminhantes/espectadores da teatral vaidade e lampejos de loucura texturados pela arquitectura divina da perfeição.
Adão Quadé
Terça-feira, 21 de Março de 2006 21H44m