domingo, dezembro 29, 2024

Nome



espelha-se no incerto o palpite do nulo
esmolaram tudo sem reduto
projectaram o conluio
para o desfalecimento
da honra que baptizou
quem de feto provou o veneno
num cadinho de longo caminho

o prestígio escava-se no solo pátrio
desmoronar o verbo lapidado
em mármore e cobre
pelo oleiro no começo da obra
mesmo fundido no fogo da inquisição
não perde o carácter de inscrição

antes do homem o nome
substância atmosférica 
por excelência nobre
ganha a altitude
avoluma-se e desfaz-se em nuvem
e tudo envolto em luto cobre
sombreando os excomungados doutos
até aos mais hipócritas perturba
e palavreiam corcundas e desnudos
na carência da matéria sólida

enquanto a minha estrela brilhar na noite
e o mar em ondas torcer por meu nome
a noite não dará para muitos sossego
que ao amanhecer gaguejam na sinagoga
e enquanto se proclama a vitória do divagar
demite-se a natureza na falácia da criatura
e o mundo sufocante não passa de caricatura
e todos marchamos à caranguejo – é normal

Adão Quadé 
29.09.2003
03:30

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